terça-feira, 9 de novembro de 2010
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Por: Agência Fapesp
“Queremos usar
energia química a partir do Sol e a química supramolecular pode ajudar nesse
sentido”, disse Henrique Toma, professor do Instituto de Química da
Universidade de São Paulo (USP), no Workshop on Molecular Mechanisms of
Photosynthesis, promovido pelo Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia
(BIOEN) no dia 25 de outubro, em São Paulo.
SÃO PAULO - Um pó que
ao ser derramado sobre água é capaz de decompor um líquido sob a ação da luz e
liberar energia.
O exemplo de geração
de energia é um dos objetivos da química supramolecular, área que investiga as
interações entre as moléculas.
Segundo Toma, a
química supramolecular permite a síntese de átomos e moléculas que formam
estruturas maiores. Essas, por sua vez, ao serem combinadas dão origem a peças,
mas tudo ainda na escala nanométrica, da bilionésima parte do metro.
Nanotubos, nanoporos
e nanofilmes são algumas das possibilidades. Um exemplo de aplicação são as
células fotovoltaicas de terceira geração, chamadas dye solar cells, que são
finas, flexíveis e transparentes, aumentando a versatilidade de aplicações
desse tipo de receptor de energia.
A química
supramolecular ainda pode ajudar a aperfeiçoar os sistemas existentes. “Podemos
criar estruturas que aumentem a condutividade e reduzam a corrosão, por
exemplo”, disse Toma. Outro ponto a ser desenvolvido é a ampliação do espectro
de luz solar absorvido para a produção de energia, “A maior parte dos
comprimentos de onda está em uma faixa que ainda não é utilizada”, disse.
O modo como as
alterações climáticas mundiais afetam as plantações voltadas à produção de
bioenergia esteve entre os tópicos da conferência de Marcos Buckeridge,
professor do Instituto de Biociências da USP, que apresentou trabalhos
desenvolvidos por grupos de pesquisa ligados ao BIOEN-FAPESP, programa do qual
é um dos coordenadores.
“Experimentos
indicaram que o aumento na temperatura e na concentração de dióxido de carbono
na atmosfera terrestre elevam muito o processo de fotossíntese na
cana-de-açúcar e aumentam a biomassa da planta em cerca de 60%”, disse.
Os pesquisadores
descobriram por meio da técnica de DNA microarray que essas mudanças ambientais
alteram genes associados à captura de luz. Outra descoberta foi que cerca de 70
proteínas da cana-de-açúcar, de um total de 160, são alteradas em ambientes com
maior concentração de dióxido de carbono.
Buckeridge também
apresentou um trabalho sobre o miscanto, gramínea que tem sido utilizada na
produção de energia em regiões de clima temperado no Canadá, nos Estados Unidos
e na Europa. “O miscanto tem menos sacarose do que a cana-de-açúcar, porém é
mais resistente ao frio, o que o torna interessante para a produção de
bioenergia no sul do Brasil, no Uruguai e na Argentina, por exemplo”, disse
Buckeridge. A planta resiste a temperaturas inferiores a 14º C.
Buckeridge e colegas
vão trocar informações com cientistas da Universidade de Illinois, nos Estados
Unidos, sobre a concentração de carbono nos dois países. Torres para captura de
amostras de ar serão construídas nos campi do Instituto Agronômico em Ribeirão
Preto e em Campinas.
Os dados coletados
farão parte do experimento SoyFACE http://soyface.illinois.edu/ , de
enriquecimento de concentração ao ar livre aplicado à soja, feito pela universidade
norte-americana com o objetivo de analisar os efeitos das mudanças climáticas
sobre as plantações.
“As torres permitirão
comparar esses efeitos sobre as espécies de miscanto nos dois hemiférios”,
disse Buckeridge.
O movimento das
moléculas
Munir Skaf, professor
do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas, apresentou uma
técnica de simulação dinâmica biomolecular que tem se mostrado importante para
novas descobertas em química e em biologia.
“As simulações
dinâmicas moleculares são uma poderosa ferramenta para estudar os movimentos
atômicos. Entender a interação atômica das moléculas é a chave para desvendar a
dinâmica das proteínas e, com isso, compreender como a estrutura proteica se
relaciona com as funções biológicas”, disse.
Skaf explicou o
funcionamento das simulações e de que modo elas têm sido úteis para entender,
por exemplo, como os hormônios se ligam aos receptores nucleares e como se
desligam deles. Esses receptores são proteínas no interior da célula que
reconhecem os hormônios.
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