quinta-feira, 15 de agosto de 2013
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Fonte: Exame
O químico Fernando Cotting, da USP, criou um revestimento inteligente feito com microcápsulas capazes de inibir a corrosão de metais quando colocadas em tintas. Sua pesquisa chamou tanta atenção que ganhou o Prêmio Petrobrás de Tecnologia.
O composto dessas microcápsulas de poliestireno tem cério (elemento metálico) e silanol, substância derivada do silício. A união desses componentes permite que o revestimento das estruturas metálicas adquira características de autorreparação. Uma das principais aplicações do inibidor é na proteção de dutos e tanques de armazenamento de petróleo.
As microcápsulas podem ser adicionadas à tinta durante sua fabricação ou serem misturadas antes da pintura. Quando a superfície metálica sofre algum tipo de impacto, as microcápsulas se rompem e a substância inibidora entra em ação.
“Vi a necessidade de aumentar a vida útil das tintas, que por conta de falhas durante a sua aplicação ou até mesmo por conta de algum dano mecânico, como o impacto, levava ao início do processo de corrosão sobre o metal pintado”, afirma Cotting.
Inibidores de corrosão já existem. Mas, muitas vezes, não são compatíveis com as tintas, o que prejudica seu desempenho e pode até estragar sua formulação. “A tecnologia mais usada hoje no Brasil coloca inibidores de corrosão diretamente na fórmula da tinta. O problema é que muitos desses inibidores reagem com os componentes da tinta”, afirma a professora Idalina Vieira Aoki, que orientou a pesquisa de Cotting.
O encapsulamento é o grande diferencial da técnica de Cotting. Uma vez encapsulado, o inibidor de corrosão não entra em contato direto com a tinta, podendo ser incorporado na formulação sem grandes problemas. “A cápsula protege o composto de interagir com a tinta e abre apenas quando houver o defeito, a necessidade de combater a corrosão”, diz Idalina.
A eficiência não é a única vantagem das microcápsulas. “A vantagem destes compostos é que agem em sinergia e há uma concentração menor de cério, pouco abundante na natureza. Isso pode reduzir os custos de fabricação sem afetar a eficiência do produto”, diz Cotting.
O objetivo, agora, é desenvolver uma tinta que se autorrepare. “Isso significa que não apenas diminuirá a velocidade de corrosão, como é o caso do inibidor, mas cessará por completo o processo corrosivo sobre o metal, reconstituindo a camada de tinta”, afirma Cotting.
O método de encapsulamento abre um mundo de possibilidades de uso. Pode ser útil em tinta e resina epóxi, em algumas tintas de uso industrial e até na indústria automotiva, segundo Idalina. “Muitas empresas nos procuraram com o objetivo de investir neste projeto. No momento, estamos passando o processo para a escala industrial e acreditamos que dentro de oito meses o produto já esteja disponível no mercado”, diz Cotting.
Cotting é um exemplo a ser seguido pelos demais cientistas brasileiros, criou algo completamente inovador que abre uma gama de possibilidades e com total aplicação industrial e comercial.
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