quinta-feira, 28 de julho de 2011
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Novo ciclo de expansão
“Junto ao porto, junto ao porto, junto ao
porto”. Esta é a única resposta para o efetivo desenvolvimento da indústria
baiana, segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia,
Fieb, José de Freitas Mascarenhas. Logística e inovação tecnológica são, de
fato, as bases para o para o desenvolvimento do potencial da indústria baiana
nos próximos anos. Um novo ciclo de
expansão se avizinha. A diversificação amplia e fortalece a vocação industrial
do estado, mas o desenvolvendo industrial se realiza por onde existem
corredores para o escoamento da produção e a recepção de insumos. Por isso
Mascarenhas é tão taxativo ao relacionar a importância da logística portuária
com desenvolvimento industrial de uma região. Segundo ele, só o modal portuário
é capaz de atrair novos empreendimentos, já que para transformar matéria-prima
em grande escala as empresas necessitam atingir mercados que não estão aqui,
nacionais e internacionais. “É o porto que permite isso”, frisa o presidente da
Fieb.
Complexo Petroquímico de Camaçari. (Fonte:ACEC) |
A otimização da indústria dentro de parâmetros
modernos e competitivos é uma busca constante. O setor de transformação no Brasil
está sob grande pressão competitiva, principalmente devido à questão cambial e
à demanda de redução do custo Brasil. As oportunidades são muitas para melhorar
a gestão logística e atrair cargas de outros estados e mesmo as baianas. Para a
Suzano Papel e Celulose, a criação do Porto Sul, com a tecnologia semelhante ao
de Suape, em Pernambuco, pode tornar viável a sua exportação por um terminal
baiano, desde que casado com a duplicação da BR 101. Outra demanda é o
licenciamento ambiental mais ágil, que também amplia a viabilização de
investimento pesados.
Na mineração, a Bahia dá um novo salto com a
prospecção e exploração de novas jazidas minerais. É o estado também voltado
para o interior, com o desenvolvimento não só do segmento de minérios, mas de
todo o tipo de produto industrial ou não. Clovis Torres, ex-integrante da
Bamin, afirma que os novos escritórios da Fieb em Barreiras e Ilhéus mostram
que a própria federação está se interiorizando, vendo a força desse novo modal
logístico e das novas áreas de produção.
“O novo complexo modal do Sul do estado viabilizará uma série de
projetos que estavam engavetados”, diz executivo.
O desenvolvimento segue para o interior com
foco em uma maior descentralização de atividades distantes dos grandes centros.
O diretor de Operações da Veracel, Ari Medeiros, afirma que isso só será
possível de fato com a ampliação da infraestrutura no interior e dos aportes em
logísticas e processos. “Esta é uma tendência nacional, fruto do maior
desenvolvimento do país e não se restringe apenas à Bahia, mas ao Nordeste e ao
país como um todo”, ratifica.
Os chineses já perceberam a oportunidade. O
Grupo Chongqing lançou sua pedra fundamental de processadora de soja e anuncia
a implantação de uma indústria têxtil em Barreiras, tendo como insumo o algodão
da região, menos de dois meses depois de ter assinado com o governo baiano. A
indústria Universo Verde deve esmagar 1,5 milhão de tonelada de soja por ano,
quase metade da produção anual do estado.
Já a Braskem tem como premissa ampliar sua
autonomia tecnológica, uma prioridade que reflete a importância da área de
inovação, pesquisa e desenvolvimento na estratégia de expansão dos negócios da
empresa. O seu crescimento também está apoiado no desenvolvimento de novas
tecnologias. Até 2020, ela quer ser a líder global da química sustentável. Na
percepção da Braskem é preciso seguir os bons. Roterdam, na Holanda e
Antuérpia, na Bélgica, são exemplos de operações extremamente eficientes pela
proximidade das empresas.
Para a Dow Brasil, caminhos para o futuro
passam pela energia, tecnologia e inovação. Uma delas é a produção de uma
unidade em parceria com a empresa Energias Renováveis do Brasil para a produção
de vapor e energia a partir da biomassa de eucalipto. A planta será dentro da
própria unidade no Complexo de Camaçari e deve começar a funcionar no primeiro
trimestre de 2012.
Superar os entraves estruturais e
conjunturais que ameaçam a competitividade, transformando-os em oportunidades
para um crescimento sustentável de suas atividades nas próximas décadas é
principal desafio do Complexo Industrial de Camaçari, que tem como visão o
elevado desempenho operacional, excelência empresarial e responsabilidade
socioambiental, gerando oportunidades de emprego, renda e riqueza para o País.
Hoje, através dos seus 45.000 colaboradores, dos parceiros, clientes e
acionistas das empresas que o integram, o Complexo trabalha no presente com os
olhos no futuro, para que essa história de sucesso se repita nas décadas
seguintes e a Bahia permaneça na vanguarda do desenvolvimento do Nordeste do
País.
A sua vocação natural para atrair novos
empreendimentos sinaliza, no entanto, para a necessidade de superação de certos
desafios, como forma de assegurar a competitividade atual e futura do Complexo
Industrial, que avança em nova etapa, caracterizada pela expansão, adensamento
e diversificação dos empreendimentos existentes, com ênfase na complementação
da sua cadeia produtiva, principalmente no que se refere à produção de bens
finais, fornecimento de materiais e serviços para os negócios já instalados,
complementação de ciclos produtivos dentro de uma mesma cadeia, assim como a
utilização e processamento das matérias-primas geradas e/ou disponíveis na
Bahia.
A chegada da maior planta acrílica do Brasil,
por exemplo, sinaliza para outros empreendimentos os benefícios de se instalar
no município de Camaçari, que detém a segunda maior arrecadação de ICMS do
estado da Bahia, depois de Salvador. Entre os atrativos dessa indústria está o
fomento da cadeia, desde a primeira geração, através do suprimento de
matéria-prima pela Braskem, passando pela segunda geração, com desdobramentos
importantes também na terceira geração, uma vez que possibilita a fabricação de
produtos finais com maior valor agregado. No entanto, o futuro só se realizará
com o equacionamento de algumas questões, a exemplo da disponibilidade do gás
natural para essa finalidade, manutenção do estímulo à inovação tecnológica e
da isonomia fiscal, além da solução de pendências ainda existentes em relação à
infraestrutura e logística.
Uma parceria entre a Fieb, o governo do
Estado e a Petrobrás desenha uma nova política de industrialização para a
Bahia, porque apenas os instrumentos financeiros como atrativos para novos
empreendimentos não são mais eficientes para as empresas. É preciso somar
outros fatores, inclusive a captação de grandes negócios, que cria um sistema
mais eficiente de produção com o adensamento das cadeias produtivas.
Quando o Complexo de Camaçari completou 33
anos foi entregue uma carta ao Governo e à sociedade como uma ratificação e
ampliação do documento similar apresentado em 2008, com proposições
estruturantes que visam ampliar ainda mais a competitividade do Complexo e o
anúncio de novos investimentos para Camaçari, da ordem de US$ 4,3 bilhões até
2011, mantidos e realizados, apesar das adversidades conjunturais impostas pela
crise mundial.
A Carta do Polo 2011 faz um balanço dos
resultados alcançados até aqui com destaque para a implantação do Sistema BA
093, redução da alíquota de ICMS de 17% para 12% e liberação dos créditos
acumulados de ICMS, evidenciando o que está em curso ou pendente e que precisa
ser diligenciado. O principal objetivo da segunda edição da carta é manter
ativa uma agenda empresarial positiva com o Governo do Estado para facilitar o
diligenciamento das ações estruturantes nela propostas, as quais visam
assegurar a competitividade atual e futura do Complexo Industrial por meio de
sete vertentes: fiscal, infraestrutura e logística, matérias-primas e matriz
energética, plano diretor, formação de mão-de-obra, pesquisa e inovação
tecnológica, expansão e diversificação industrial. Condicionantes que também
servem de base para o desenvolvimento industrial de outras cadeias produtivas
em todo o estado, a exemplo de mineração, agroindústria, transformação,
turismo, papel e celulose.
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