domingo, 13 de fevereiro de 2011
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Esta matéria foi retirada do Site Inovação Tecnológica, e mais uma vez deve ajudar bastante quem for estudar Química Inorgânica Básica.
Por: Redação do Site Inovação Tecnológica
Material
promissor
Os
cientistas adoram o grafeno - essas
folhas unidimensionais de carbono renderam o Prêmio
Nobel de Física de 2010 aos pioneiros na área.
Os
engenheiros também estão entusiasmados com ele: além de ser o material
mais forte que existe, ele parece servir
para quase tudo na indústria eletrônica.
E os
apaixonados por tecnologia, por sua vez já não veem a hora de pôr as mãos nas
maravilhas que esse material futurista promete.
Mas o
caminho do grafeno rumo às aplicações práticas pode ter mais obstáculos do que
se previa inicialmente, segundo as mais precisas medições já feitas, realizadas
agora no Instituto Nacional de Padronização e Tecnologia (NIST), nos Estados
Unidos.
Buracos à
frente
Uma folha
bidimensional de grafeno - uma folha com apenas um átomo de carbono de
espessura - é como uma autoestrada para os elétrons, que disparam através do
material com uma mobilidade 100 vezes maior do que aquela que têm no silício.
Mas basta
que as camadas de grafeno sejam colocadas sobre um substrato - algo essencial
para a criação de dispositivos práticos - para que essa super autoestrada se
transforme em uma estradinha de terra cheia de saliências e buracos, tornando o
movimento dos elétrons uma verdadeira via crúcis.
Segundo os
cientistas, as propriedades ideais do grafeno estão disponíveis apenas quando
ele está isolado do ambiente.
"Para
obter o benefício máximo do grafeno, temos de entender como as suas
propriedades mudam quando o material é colocado em condições do mundo real,
como parte de um dispositivo, onde ele está em contato com outros tipos de
materiais," explica Joseph Stroscio, um dos autores dos testes.
Sanduíche
indigesto
E um
processador, ou qualquer outro circuito integrado, está longe de se parecer com
um material puro. Um chip está mais para um sanduíche com todos os recheios que
se tem direito - camadas superpostas e alternadas de materiais condutores,
semicondutores e isolantes, sem contar os dopantes, os materiais em quantidades
traço que dão as características a cada uma dessas camadas.
Mas bastou
colocar o grafeno em um dos sanduíches mais simples da eletrônica - uma folha
de grafeno e uma folha de outro condutor, separados por uma camada isolante -
para que os problemas começassem a aparecer.
Nesse
componente eletrônico básico, quando o condutor inferior é carregado
eletricamente, ele induz uma carga igual e oposta no grafeno.
"O que
descobrimos é que as variações no potencial elétrico do substrato isolante
interferem nas órbitas dos elétrons no grafeno, criando poços onde os elétrons
se acumulam, reduzindo sua mobilidade," explica Nikolai Zhitenev, outro
membro da equipe.
O efeito é
especialmente pronunciado quando o grafeno montado sobre o substrato sofre a
influência de campos magnéticos. Então, os elétrons, já lentos pelas interações
com o substrato, ficam sem a energia suficiente para escalar os obstáculos e se
acumulam em bolsões isolados, formando pontos quânticos,
regiões nanométricas que confinam cargas elétricas em todas as direções.
Prêmio de
consolação
Mas nem tudo
são más notícias.
Em primeiro
lugar, algumas empresas já estão construindo protótipos de componentes
eletrônicos à base de grafeno que têm-se mostrado bastante eficientes.
E os pontos
quânticos estão sendo pesquisados para uma infinidade de aplicações. O fato de
ser tão fácil criá-los no grafeno pode abrir novas fronteiras de pesquisa.
Finalmente,
a técnica usada nestas medições também será útil para estudar a física de
materiais isolantes e, em última, instância, melhorar todos os eletrônicos,
sejam feitos de grafeno ou não.
"Geralmente
nós não conseguimos estudar isolantes em escala atômica," explica
Stroscio. "O microscópio de tunelamento (STM) funciona com um sistema de
circuito fechado que mantém uma corrente de tunelamento constante por meio do
ajuste da distância entre a ponta [do microscópio] e a amostra."
Como não há
corrente em um material isolante, o sistema vai empurrando a ponta cada vez
mais próximo da amostra a ser estudada, até tocá-la e danificá-la, por vezes
danificando também o próprio microscópio.
"O
grafeno nos permite chegar perto o suficiente desses materiais para estudar
suas propriedades elétricas, mas não perto o suficiente para danificar a
amostra e o microscópio," diz o cientista.
Bibliografia:
Evolution of microscopic localization in graphene in a
magnetic field from scattering resonances to quantum dots.
S. Jung, G. Rutter, N. Klimov, D. Newell, I. Calizo,
A. Hight-Walker, N. Zhitenev, J. Stroscio
Nature Physics
Jan. 9, 2010
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nphys1866
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