quinta-feira, 21 de abril de 2011
On 22:41 by Prisma No comments
Por:
Júlio Bernardes - Agência USP
Pesquisa sem investimento
O Brasil tem avançado na pesquisa tecnológica
para obter etanol a partir da celulose do bagaço de cana (etanol
celulósico), mas faltam investimentos empresariais que viabilizem
economicamente a produção.
É o que mostra um estudo da Escola de
Engenharia de Lorena (EEL) da USP.
O trabalho do engenheiro bioquímico Marcelo
Brant Wurthmann Saad aponta que a produção em caráter experimental só deverá
começar dentro de dois anos.
Saad reuniu informações sobre a produção de
etanol de segunda geração - ou etanol celulósico, devido a hidrólise da
celulose - e realizou uma avaliação técnica e econômica sobre a viabilidade do
processo.
Processo de produção do etanol de celulose
"O processo global inclui tratamento,
hidrólise e fermentação", aponta o professor Adilson Roberto Gonçalves,
que orientou o trabalho. "A avaliação econômica se concentrou
principalmente nas duas primeiras etapas."
Na primeira etapa, a biomassa vegetal (nesta
pesquisa a matéria-prima adotada é o bagaço de cana) sofre uma ruptura da
estrutura macromolecular, o que facilita o acesso a celulose.
"As análises indicam que a opção mais
viável é a utilização de um reator de grande escala, em formato tubular e de
fluxo contínuo", conta o professor. "Assim, seriam atendidas as
necessidades de uma produção industrial, com menores custos de investimento."
Na hidrólise acontece a quebra das moléculas
de celulose em glicose, que, em contato com as leveduras da fermentação,
transforma-se em etanol.
"A hidrólise pode ser feita de forma não
convencional, com ácidos, ou de maneira enzimática, por meio de um processo
biotecnológico", diz Gonçalves. "O processo enzimático é o mais
recomendável, pois além do custo possivelmente menor, possui mais
sustentabilidade ambiental".
Desinteresse das empresas
As análises econômicas feitas na pesquisa
mostram que o custo estimado de produção do etanol de segunda geração hoje
ficaria em R$ 5,80 por litro - muito superior ao preço do etanol de primeira
geração vendido nos postos atualmente.
"Deve-se levar em conta que se trata de
uma avaliação inicial de um sistema que ainda não foi implantado e
otimizado", ressalta o professor.
De acordo com Gonçalves, há um grande
investimento na pesquisa acadêmica, com diversos projetos em andamento.
"O que falta é investimento empresarial
para a produção sair do papel", observa.
Projetos experimentais de produção de etanol
celulósico já são realizados na Europa, Estados Unidos e Canadá. "No
Brasil, as perspectivas são de que a produção experimental comece dentro de
dois anos."
Tecnologia de energia
Os estudos terão continuidade com a análise
econômica da etapa da fermentação, para completar o ciclo de produção.
"Também serão utilizados mais dados
estatísticos e novas ferramentas de estudo, para aprimorar a avaliação em
termos econômicos, já que a produção ainda é mais analisada em termos científicos
e técnicos", conclui o professor.
O trabalho foi vencedor do Prêmio Petrobras
de Tecnologia, na categoria "Tecnologia de Energia".
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Search
Parceiros
Blog Archive
-
▼
2011
(47)
-
▼
abril
(7)
- Descoberta por acaso pode revolucionar produção de...
- Indústria não demonstra interesse por etanol de se...
- Bioplásticos de fibras vegetais se equiparam à fib...
- Camaçari diversifica o Parque industrial
- Equipamentos para energia eólica chegam a Brotas d...
- BOLETIM ABEQ: Nova versão do simulador de processo...
- Conheçam a madeira plástica: a madeira feita com p...
-
▼
abril
(7)
Tecnologia do Blogger.
0 comentários:
Postar um comentário